Faltam palavras, mas uma poesia diz tudo. Uso, então, as palavras da Ligia Monassa Farias para traduzir o meu momento.
LOUCURA
Se tu me quiseres,
que não seja breve,
porque a brevidade
não me complementa.
E nesta varanda
me deixes teu cheiro,
teu cabelo claro
e a incredulidade
que ainda me espanta.
Se tu me quiseres
que não sejas são,
porque a sanidade,
como a realidade,
é que me atormenta.

OUSADIA

Outro dia mencionei a palavra ousadia e percebo que foram raras as vezes em que me permiti ser ousada. Fiz das características do meu signo um escudo e uma desculpa para não ousar, afinal de contas o capricorniano é um ser persistente, sério, leal e que costuma ter os pés no chão. A cabeça viaja, mas os pés ficam plantados; e como lidar com uma cabeça que viaja e com dois pés plantados no chão, mas sempre metidos num par de All Stars? Complicado. Mas não impossível. E o próximo passo é lembrar de um dos raros momentos de ousadia.

RECEIO

Fiquei pensando sobre o receio da exposição sem bem entender o porquê pois na realidade penso que quanto mais transparente, maior é o fortalecimento. Mas como temos a tendência, quando em processo de mudança, de ir aos extremos na busca do equilíbrio (ou não), tenho que tomar cuidado para não me tornar invisível. Vejam só: cuidado. Nossa! Quanta falta de ousadia! Por favor, quem le o que escrevo, ajude-me a banir do meu vocabulário a palavra cuidado

DIA DAS MÃES

Dias das Mães, mas ironicamente sinto saudade do meu pai. Deve ser porque sempre pensei ter ele uma alma feminina, com a sensibilidade à flor da pele. Se fosse vivo estaria completando, em agosto, 90 anos, mas há 7 ele partiu, foi exercitar o seu amor, a sua bondade, a sua solidariedade em outro mundo. Sinto saudade da figura de testa franzida, com extrema dificuldade de demonstrar, fisicamente, carinho, mas com uma capacidade imensa de doação, um profundo conhecedor da alma humana, que conseguia, com um simples olhar, captar as nossa mais disfarçadas emoções. Com ele aprendi grandes lições e a principal delas foi a capacidade de perdoar.

RETOMADA

Pretendo que esse momento seja uma re-retomada...
Pode parecer careta, fora de moda, obsoleto, como ouvi Martha Medeiros dizer em uma entrevista, mas nesse período de afastamento escrevi inúmeras cartas. Então, conversando com uma amiga a respeito da facilidade com que escrevo cartas e da dificuldade que é estar aqui, agora, cheguei à conclusão que a dificuldade está no "me expor": cartas são particulares; o blog é público. Talvez o começo seja tipo: o dia está lindo! Ideal para tomar chimarrão à beira da Lagoa ( ou será Laguna?)

SONHO

Ontem uma amiga muito especial, Elaine, voltou de um giro rápido pela Europa e isso fez reaparecer a chama da minha eterna paixão por Paris. Não gostaria, não quero e não vou desencarnar antes de ficar frente a frente com o Arco do Triunfo, Notre Dame, Senna... Segundo ela, sair de dentro do buraco do metrô e dar de cara com a cidade é paralisante. Maravilhosamente paralisante. Allez! Allez!